terça-feira, 28 de setembro de 2010

DR GUTO


"O artista, pela sua visão, recria o mundo e, indo de decantação em decantação, chega a reencontrar o sentimento de plenitude, ele desperta a própria alma. As figuras que modela adquirem vida. Assim nascem as crônicas, contos, todas essas figuras mágicas que irão ajudar o homem a se reencontrar na jungle da vida" ( Os Talismãs de Jean Pierre Bayard).
Este é o Dr. Guto

Entre suas várias crônicas, inteligentes e com um humor cítrico, podemos destacar "O Voto Dengoso" onde cito um pequeno trecho:         
        " Cidadãos livres, num país igual na Constituição, podem escrever sem medo de declarar os votos, porque se são secretos, cabe a mim segregá-los ao silêncio ou que se danem as comissões socialistas e grupelhos de direitos humanos e desocupados, por mim fuzilariam os meliantes somente com balas de borracha! Só para ficarem por anos com as marcas na testa - borrachudos!  Responsáveis! Talvez o fumacê passasse nas mentes e fossem proibidas reeleições indefinidas... Desculpem o desabafo, mais educado retorno aos candidatos a combater o aedes." 



Vale realmente a pena conhecer e ser leitor deste autor, acesse o seu e-book  " Nuvens da Madrugada"pelo seguinte endereço: http://www.freitasbastos.com/nuvens-da-madrugada.html  , ou ainda por http://www.cronicascariocas.com.br/drguto_arquivos.html onde nos deleita com algumas crônicas. Leia e depois comente sua opinião.

Rita Pedro

O LESTE DO RIO

Leste do Rio



















Vejo o Rio verde limão,azul turquesa, goiabeira, a jaca da bicicleta. Micos que descem da mata e vêm comer banana na mão, e mordem seu dedo,  barulho de riacho que corre e vira pedra. Sou eu caminhando, caminhando, que falo a vocês parados no céu: desce daí sacolé, paçoca de amendoim! Sorvete de abacate de trem vem ser feliz, ouça os bobos não, que martelam as cruzes na areia. Areia já levou as tristezas pra Yemanjá, que volta na garrafa de sidra. É, sei que é sidra pelo rótulo, mas podia ser pindorama, batida de umbu ou água do mar. Rolou e a praia virou noite. Que medo de praia. Índio de fora não tem sua Iracema ou brucutu, se for índio no fim da fila... Barbie, baitola, isso tem noRio? E o jacaré vem comer os bago deles? Xô caipora feia – violência. Deixa elas namorar, deixa o pastor orar e mendigo mendigar. Sua inimiga aqui é alegria! O bafo do churrasco, os bêbedos da Lapa. Carioca é a Prainha, a maconha na Maré, o Solar da Imperatriz! Hoje ela é senhora de anágua, que censura tudo que censurar. Quer Pan não, quer fumando na escada não, abaixa o som! Vai chamar a polícia! Uuuuuuuuu, pan, pan, pan, cadê o mastercard? Chama Lula, tira do mar, faz alguma coisa cabeça de camarão!!! Tu também é culpado Sr. promotor,  preguiçou, ganha vinte mil por mês! O camelô vinte tostão... Grafitei errado de propósito excelência: tu dormiu na arquibancada paulista trouxa! Ah, nem turista branquelo tu é, veio de busão São Geraldo, cheio de gaiola, vencer no Maracanã.
     O Janeiro é tolerante, redentor, calçadão bordado, pagode com Jazz encima da laje, zona norte, zona sul, e a oeste mata. Gente que chega no tom do avião: ser feliz e nem acordar, porque sono aqui ninguém quer, só ser marimbá! Índio pescador e pescar gente bonita, forasteira, ruiva de shoppings, uma mulata de silicone! Oh negão, qual o problema? Vejo o Rio verde limão, azul turquesa, pedalando, sambista e pouco leitor, mas um dia a gente ainda estuda e aprende a pescar manjuba! Moro no leste do Rio, pra lá dos canhões, moro no mar... Pelas ondas até o Costa brava posso afirmar: o Rio mesmo é a rádio Roquete Pinto!  Beijo em todos.
*Dr. Guto é um novo escritor que dá banana aos macacos e veneno a quem precisa veneno.