sexta-feira, 23 de março de 2012

O COROLLA BRASIL


O COROLLA BRASIL


                Pois é, as visões convergiram para aquele salão monocromático do Supremo Tribunal. Ali é tudo meio amarelo mostarda, luzes focadas amarelas e indiretas nos carrinhos de processos que chegam e o mofo dos carpetes resistem, por mais eficientes que sejam as firmas terceirizadas de limpeza. Pela manhã tentei acompanhar o futuro dos defendentes, confesso que aprendi mais uma lição entre tantos termos e latinismos que norteiam a boa peça e por que não dizer? A formalização da própria vida. A defesa paga pela pena de quem tem, não apenas a pena da culpa, mas a própria chave. Desculpem, estou sendo pouco prolixo, que se confunda cela e cofre, catchup e plasma ou mesmo circunferências que chegam para festinhas de confraternização! Bem, eu ainda acredito, haja vista hercúlea força que claudica na esperança de deveras duvidar. Que um múnus público se vista de negro e assopre os verbetes de uma justiça mais rápida! Acredito, mas não consegui assistir nem meia hora a tal TV, nem apelando à simpatia de uma presidenta mulher, que por pouco teve o carro oficial envolvido em um caso grave de violência, aqui no Rio de Janeiro. Horas depois ligo de novo e ouço a paciente figura de um procurador geral, tão sério em seu trabalho, que conseguiu uma proeza: foi reconduzido ao cargo por unanimidade de votos entre polêmicos senadores. Fato inédito nesta republiqueta um pouco melhor que os Estados Unidos. Explico caros amigos: nenhuma raiva do poder concentrado em latas de sucos artificiais. Aliás, eles não sabem o que é um bom caju vermelho, uma mangaba ou pitanga gelada! Uma polpa de cupuaçu ou muitos abacaxis que caíram em número de 40, só faltando Ali, cortado. Ora, usem uma centrífuga! O Pará é estado bastante extenso que já devia ter sido desmembrado há tempos, assim como os filhos de Gandhi, perdidos no semiárido, por que não? O problema é julgar quem roubou o minério, quem solapou o cacau sem permissão para fábricas que exportaram muito além de confeito - propina por sedex - e dentro das caixas agora, os ananás! Pra quem descascar? Onde vão prender essa turma que o povo reelegeu? Lembro-me de um ex-obeso que começou tudo e ganhou o Oscar de melhor deputado, acho que em todos os tempos, lendários como ele só Frei Caneca, só aquele outro da “lurdinha”, cabras-machos, porém honestos. Bob denunciou de frente, cuspindo acusações nas bocas, babando raiva e nem uma força tarefa da polícia, com carros, helicópteros, ordem de juiz federal, que adentrou com truculência em sua casa, conseguiram abater sua simpatia...
              Se dependesse da minha imaginação, um ministro mais novo daquele excelso e colendo plenário ouviria MP3 sem fio (My way, som bem baixinho), beberia água mineral “Petrópolis” e degustando um saco de “gamadinhos” (doce à base de amendoim, vendido muito por um garoto no porto de Santos), enquanto falavam aquele monte de baboseiras por horas e horas, citações e frases assaz robustas etc, e na hora singela de proferir meu voto futurista - lhe absolveria Jefferson! “Pelo inesquecível serviço prestado - ó trama perfeita de uma turma exilada e neocorrentista do BB às fls. tais, sonegação e lavagem no BMG e Rural às fls. tais, dos pacotes no anexo 4 e futuro anexo 5 da pilha do carrinho número 13... Se não foste tu! Obrigado pela coragem de renunciar ao teu Toyota Corolla Brasil, com chapa branca, para nos distrair a todos. Denúncia inconsistente para o réu em epígrafe, baseado na teoria da delação premiada e aos demais 39 meliantes da base aliada, vulgo petralhas, acompanho o relator” e empurrava o microfone. J

                                                                            Rio, 23/08/07.

Dr. Guto participa deste julgamento histórico, cansado de ouvir Latim...